terça-feira, dezembro 07, 2010

Leituras Soltas III - Capicua[s]


Lançamento do Leituras Soltas III (Fnac e editora O Liberal) que contará com a colaboração de escritores como Viale Moutinho, João Dionísio, Anabela Machado, Joana Homem da Costa, Rui Nepomuceno, David Fazendeiro, Beatriz Campos, Asdrúbal Vieira e Gizela Silva. E de António Barroso Cruz enquanto coordenador do projecto. O Lançamento será no dia 8 de Dezembro, pelas 17h00 no auditório da Fnac no Madeira Shopping.
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Capicua[s]


(...)O silêncio sempre esteve muito presente, sempre foi muito incómodo, aquelas horas de capicuas eram perfeitas porque era tempo de dizer qualquer coisa naquele silêncio desconfortável em que vivíamos, no silêncio das horas a passar, dos dias a passar, mesmo dos anos a passar e tudo mudava mas nós, nós não mudávamos, se é que algum dia existimos.


Aquelas duas pessoas que passeavam no carro, não sei se realmente existiram, ou talvez tenham existido mas, durante tantos anos, o “nós” durou o tempo de uma capicua no relógio digital. Aparecíamos e desaparecíamos como as horas de capicua, mas nunca fomos reais como queríamos ser, seríamos sempre um certo minuto numa hora do dia. (...)


Joana Homem da Costa in Leituras Soltas III

sábado, maio 22, 2010

Levantar...

Sempre que caímos, levantamo-nos, mas antes disso é preciso rebolar para bem longe daquela multidão aos turbilhões, do tumulto e dos abalroamentos, do mundo em redor repleto de pessimismo e sarcasmo, da tristeza do olhar, das cabeças que tombam, para nos conseguirmos levantar sem cairmos de novo...

sexta-feira, março 19, 2010

Coisas pequenas...

Foto: Frederico Homem de Gouveia



Assim que olho à minha volta e reparo que tantos estão preocupados com coisas pequenas, que não interessam nada, e não trazem nada de bom, só mau, ressentimentos, mágoa e pequenez de espírito reparo que ao reparar e me importar com isso também estou a me preocupar com coisas pequenas, porque a preocupação com a preocupação de coisas pequenas é também muito pequena…

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Hoje soube-me a pouco...


E o que é que foi que eu disse?

"Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Passa aí mais um bocadinho
Que estou quase a ficar louco
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Portanto
Hoje soube-me a pouco..."

Sérgio Godinho - "Com um brilhozinho nos olhos"

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Ilha...


Pequena? Não é nada pequena! Falta de espaço é algo que não existe quando a limitação está simplesmente na nossa cabeça. Únicos? Isso de certa forma seremos sempre, como seres individuais, mas não seremos nunca únicos naquilo que fazemos porque o que nos torna melhores ou piores não é o isolamento no sucesso mas sim a existência na imensidão. Melhores? Isso seremos sempre que acordarmos para a vida e quisermos evoluir, melhores que os outros, isso não existe porque nunca teremos a verdadeira noção da realidade do que são os outros e às vezes nem teremos a noção de quem somos nós mesmos…


Neste espaço considerado pequeno não terei mais espaço se afastar de mim todos os que me põem em causa. Concorrência? É a representação da nossa insegurança e medo de falhar que está fora de nós, porque um dia fizeram-nos acreditar que a solução era sermos únicos e que a existência de mais poria a nossa existência em causa. Inveja? Isso existe muitas vezes na nossa cabeça para justificar os importunos que vêm do exterior e que nos fazem questionar ou duvidar…


Queremos ser únicos à força por isso afastamos a concorrência, achamos que somos melhores e por isso mesmo únicos. Falta de espaço para mais que um? Falta de espaço para querermos ser o que realmente importa, únicos em nós mesmos, originais e simplesmente nós, e se existirem outros? Se o caminho é para a frente, podemos contornar a multidão, desviarmo-nos pelo caminho mas não existe a necessidade de passar por cima de ninguém, nem querer que o espaço esteja despovoado para nos sentirmos realizados, nós somos nós, únicos pelo valor que conquistamos, valor esse que não roubamos de ninguém, existe para todos…

terça-feira, janeiro 26, 2010

Eu...? (Poderei ser)

Eu...? (Poderei ser)

Este meu mal, este meu bem
Sem saber porquê
Esconde uma fúria que nem vê
Esquece a harmonia que acontece quando se faz
Tudo o que se é capaz

Ser ou não ser é a questão
Ter ou não ter razão
E não temer

Caras que foram tão reais
São hoje sombras vazias e nada mais

Este meu mal chegou ao fim
Era fatal
Correr o mal dentro de mim
Correr com aquilo que apodrece quando se quer
Este meu bem, meu ser

Ser ou não ser é a questão
Ter ou não ter razão
E não temer

Caras que foram tão reais
São hoje sombras vazias e nada mais

Este meu mal chegou ao fim

Jorge Palma
*Canção interpretada por João Henrique no single Eu...? (Poderei ser) / Minha Imagem, Minha dor

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Andamos...

Andamos lado a lado, mas não andamos de mão dada, e só percorremos o mesmo caminho porque sou eu que marco o passo, apressado para nem dar a hipótese de mudar o rumo, de voltar atrás, marco o passo sem parar, lado a lado, mas não andamos de mão dada, acompanhas simplesmente porque marquei o passo e no seguimento da vida, de um modo confortável e habitual a monotonia não incomoda, até agrada, porque de certa maneira assim o passo da vida está marcado, andamos lado a lado, eu marco o passo e tu simplesmente acompanhas até que o passo me falhe por simples e mero cansaço de caminhar sem destino, e porque não andamos de mão dada...